quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Escambo de jardim

"Por quantos encantos você me vende essa imagem?"- Perguntou a borboleta.
E balançando a cabeça mercante - marcante e rasante - o jovem louva-a-deus lhe respondeu:
"Por nenhum, de encantos me bastam as Joanas. Me escreva: 1000 palavras... talvez valham 1 imagem."
Por um minuto pensou. Refletiu e filosofou.
Chamou Platão, interrogou Esfinges, inqueriu Deus e dialogou com Arlequins.
A velha mariposa, que escrevia razoavelmente bem, entregou um rasgo de papel.
Nele não haviam palavras mil, mas apenas isto:
"Case-se comigo"
Como quem não entende, o Esperança desiludido, derrotado, despreparado entrega a imagem:
Uma descrição iconográfica da metamorfose das lagartas
E por fim a graciosa dançarina do vento se escureceu - Tornou-se viúva negra.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A brevidade pela urgência

Por todos aqueles sofrimentos que gostaríamos de sentir.
Por todos aqueles bens que gostaríamos de usufruir.
Por toda aquela imaginação que sabemos ter.
Por todo aquele peculiar momento que foi.
Peculiar momento que em potencia é.
Momento que compartilhado está.
Que ao modificar se acaba.
E concluindo-se embaça.
Concluindo ou indo...
E num gerúndio,
pontuado,
se mata.


Jonesíndo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Aguente os p(l)anos

"Segure as pontas!!"  Me gritaram.
Aproveitei e me dobrei em dois.
Estendi conceitos.
Passei mentiras.
Engomei verdades.
Sequei discursos.
E segurei bobagens.

§Jones/jones§

domingo, 17 de novembro de 2013

Quase ou todas

Na poltrona confortável.
Naquele ambiente artificialmente produzido para ser aconchegante.
Naquela luz mais suave, mais serena.
Quem se pronunciou fui eu:
"Esse é o fim. Nosso tempo acabou."
Me levantei, com os olhos embaçados pelas lágrimas não manifestadas.
Quase tropecei no divã arquitetado e preparado para todas as emoções: Ou quase todas.

Então, a porta do consultório se fechou.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

[in. cômodo. s. adv.]

Dizem que onde há tristeza não há papel em branco.
Quando eu desenho me entristeço.
Quando eu escrevo me desanuvio.
Quando me sonorizo me pego em Chico.

Repenso, será que quando há tristeza existe caminho?
Não sei.

Vou versificando os incômodos -
Vou sambando pelos cômodos -
Vou rabiscando in cômodo(s) -

Enquanto isso a angustia, virótica a tudo, se assume em outras formas. Das quais eu invento e reinvento poéticas, imunológicas*, para me defender... Ou será que é para me deter?

*As vacinas são feitas de vírus mortos ou enfraquecidos.

Vacinas não me servem.

Jones-,-,-,s

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ela usava óculos de hipster: O apoio de nariz verde e a armação transparente.

- Foi um prazer te conhecer!
Quando concluiu a exclamação, apertou minha mão... sorriu e disse:
- Acredito que nunca mais vou te ver. Tenha um bom curso.

E foi assim que conheci e me despedi do amor de minha vida.

J<ones   <

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Masturbação poética

1º Não meu - poema.

Quero que alguém me explique
o excesso da poesia
o absurdo da significação
meu peito esvazia, a cabeça eu deito

Embora não mais... quieto... detesto!



Voltando, o absurdo
exacerbado
  o significado, a ação
não ampara
  sossego a mão

No lugar do sim...
  o não
  o vácuo
A contraditória desolação



Quase Alberto Caeiro!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Danke.

Por um pedido:
Quebre-me em pequenas frações de impossível simplificação.
Ínfimas frações de hora, nas quais você sem perceber se deixou levar.
Antitéticas frações que me engrandeçam - a alma e a vida.

Por um desejo:
Se quebre em melodias de Beethoven,
  minto quebre-se em uma patética melodia de Tchaikovsy.
Em longos e trabalhosos textos de Clarice,
  minto prefiro vagarosos balanços de uma cadeira.
Em Contornos ofegantes de uma partitura que me tire o fôlego,
  sem mentiras.

Por uma angustia:
Que me acorde ensopado,
    que me deixe sem fôlego,
     que não hajam virgulas,
      que possua reticências,
       que quebre a estrutura,
        que não haja fé em "apagar",
que não haja Eros em mudar.

Por um entrave:
Me quebre
da forma que melhor
 te convir.
Da maneira              mais                  devastadora.
Saiba que minha alma está em brisa,
                                                       pronta para se deixar levar.
Mas é necessário ser folha.
Quebre-me em migalhas para que eu posso planar.

Por uma massagem:
Meu pescoço doí,
ainda não me decidi se por olhar para cima ou para o inferno.

Quebre-se a ponto de me massagear -
meu torcicolo, minha calma.

Por um Obrigado:
Termino
pedindo
 para
 se quebrar-me.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Legado Duvidoso

O pavor presenciava suas dúvidas.
Há! Que brega começar assim.
Porém, possivelmente necessário.

Poderia antecipar uma angústia ao perguntar?
Ou seria melhor abordar um anseio?
O terror acordava ao se sentir desaparecido.
Desaparecido mesmo:
Ocorre comumente ao se transcorrer um período e se perder quando se tenta encontrar o sujeito em uma epígrafe mal redigida e despontuada.

Era um medo de alma, pouco explicado e bem elaborado.
Preocupava-se em ser lembrado.
Buscava atenção ou instrução?
Respondia em dúvida:"exato".
Esse era seu legado.

O legado ele deixou,
só não era o esperado.
Faleceu quando seu marco
 - esculpido em homenagem à façanha que nunca houve -
foi, enfim, construído.

Me pergunto em temor... Ele consideraria as pichações em seu monumento:
Ofensas ou arte?

Jonart?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Morfo-Sintaxe [Meu surreal]

Tendencioso a subverter as abreviações:

Pret. Imp. Subj.
Pretenciosamente Impossivel (mas) Subjetivo.
Que nós amássemos.

Pres. do Sub.
Presidido Subconscientemente...
Que nós amemos.

Fut. Subj.
[Meu ato central]
Futil Subjulgado
Quando nós amarmos.

Analiso formas, de fôrmas, sentidos:
Assemos - Nada de bom viria de algo constituído de dúvida e maldade;
Amemos - Memórias que não chegam... Focadas no eu lírico;
Amarmos - [Meu ideal] Esse novo ar de futuro, entre mares e amores.

Afogado em novos ares. Me perco lexicalmente.

Jones - Obj. Dir. e Ind.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Bi... May be 1/2 or 2x

Aos textos bobinhos, pois os mais tolos sentimentos também são os mais próximos da alma.

A música tocava a alma.
A música tocava na alma.

E esse sentimento bom era a brisa levando o vento.
E esse sentimento bom era a brisa caminhando contra ao vento.

E numa construção: O ambíguo estava longe do próprio umbigo.
E na construção: O umbigo era o próprio centro do ambíguo.

E me embolava em traduções simultâneas
E traduções se embolavam simultaneamente.

Ele cantava pra mim.
Nada...
Eles cantavam em mim.

A alma dividida:
Entre Chico e Caetano.
Entre he e I.

E minhas discussões eram banhadas em subjetivismos concreto.

Jo x Nes Jo/Nes

sábado, 14 de setembro de 2013

Declamação de Falência

Declaro, por meio dessa, minha falência:

Formada por superstições, crenças e afetos;
Amada antes que fosse tarde, e as curvas se tornassem retas;
Lidei com a morte.
Eufemismo? Com ou sem Suporte?
Na beira da lágrima, amarga a vida, respeitosa "partida.
Com os sinos da igreja, sonhei que a via.
Inexplicavelmente, um carinho sem nome...
                               [Sem dono,
                               [Chamaria de abandono
Antes fosse, era "apenas" saudades.

Convalescido,
À Falecida.


ontem
nomeei,
enquanto
sorria

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Por não saber o que são palav...

João pronunciou uma palavra.
Feliz. F-E-L-I-Z Feliz!
Infelizmente...
Infeliz-João-mente.

Ahh João, deixe de besteiras...
In-João-felizmente
Pare de brincadeiras, asneiras, bobeiras...
Todas essas eiras.

Não mente, Infeliz!
Desconstruindo palavras,
João poetizava a linguística...
injoãomente.

Jonesmente

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Alusão à ilusão

Por ilusão, comecei meu texto pelo título.

Seria demais dizer que vi seu sorriso...
Num desgaste... dum fecho... de bolsa... alheia?
O trinco era circular: pela fricção acabou por desenhar uns traços lunáticos.
Era seu sorriso ali. Não mais.

Desminto tudo que acabei de dizer.

Não te vi. Me iludi. Imaginei ter te visto.

Tanto por alusões o poeta faz poesia,
que acaba nela emergindo companhias.
[Rimadinho, porque assim a vida faz menos sentido]

Se trabalho com ilusões, quase me perco ao/à fazer alusões.
Poetizar a dor é um trabalho ilusório ou uma eterna aluição?
Me desmereço, fingindo fazer menção e caindo em minha própria ficção.

(JONES, p. ?)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Konbanwa

Na sala redonda, arquitetada por Carrol... Portas e mais portas.
Sem "eat me" ou "drink me".
A sufocante possibilidade, as mil e uma portas fechadas. O lugar enormemente claustrofóbico. A incerteza.
A resolução... Uma coragem. Motivo de orgulho?
Na decisão não há abrir de portas. Há um transparecer: no lugar da madeira... vidro. Não só o próprio reflexo como toda mágica que o espera.
Acreditando piamente que não há trancas em um mundo primordial tenta se aproximar.
Do centro, onde estava desde o início, não consegue sair.
Os pés estão presos ao chão, nem havia percebido.
Tenta cavar, as unhas se ferem, em agonia o sangue raleia. O suor para de escorrer, como um desespero do corpo em poupar água.
As portas se lotam de expectadores. Em dúvida, não sabe se grita ou se Àcena.
Primeiro acena. Sem resposta.
O medo.
A vergonha?!
Tenta o grito, como nos versos de todos poetas, entalado na garganta.
Passa pela cabeça: "Apenas eu os vejo".
Uma Desculpa?Uma Mentira? A esperança?
Com auto-piedade, introspectivista.
Se agacha, cobre o rosto e em posição fetal perece.
Ao perecer, as paredes se esvaem. As portas permanecem, ligando o nada a nada....
Talvez, os pilares já não estivessem lá a muito.
Com rubores, arranhões e desesperança.
Acorda.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Id

Em cima da cama,
Uma folha dobrada:

"Eu te desprezo. Desprezar é a palavra correta.
Do fundo do seu ser, e você sabe.
A começar pelo seu modo de falar, sua grosseria desnecessária, sua malícia inoportuna, ironia incalculada, desleixo desnaturado.
Seu modo de se portar, seu descuido consigo mesmo, sua tentativa de se assaltar, seu inquilinismos quase predatório.
Odeio sua carência. Sua hipocrisia. Tentativa ridícula de chamar atenção, até chama os outros no facebook pra não falar nada mas ter mais gente com quem falar...
Alias, isso se deve ao asqueroso desejo de tentar ajudar: Falso, pra se inflar... pra se sentir melhor consigo mesmo.
Não suporto seus gritos, suas feições de asco, sua caricata 'sensibilidade'.
Pra que?
Destempero pela manhã, salgado pela tarde, agridoce pelo anoitecer e enjoativo pela madrugada.
Cretino, pare de se fazer de vitima. É patético. Repugnante. Ninguém é obrigado a te ver sofrer dores surrealistas, muito menos comemorar qualquer pseudo-conquista sua.
Ninguém merece suas postagens melancolicazinhas, seus textinhos meia-boca, seu compartilhamento de músiquinha que "expressa justamente oq eu sinto".
Vai tomar no seu cu, Otário. Vai se tratar, para de ceninha... ninguém realmente acredita que você é isso... ou tem aquilo.
Espero que você morra, ou no minimo deixe de ser tão escroto."

Sem assinatura, sem pistas. Encontrei na caligrafia e na antipatia.

Do Superego ao Ego

sábado, 31 de agosto de 2013

'Ciúmes' = Vem de cimento? 'Inveja' = Veja lá dentro?

Quando eu era mais inocente, confundi ciúmes e inveja:
"Mas... eu fico com ciúmes quando você sai e eu não."
Me corrigiram imediatamente.
- Isso é mais inveja, ciúmes é outra história.

Ainda hoje me confundo em conceitos tão simples....
Olho, penso e choro (por raiva ou por amor)...
Me pego tendo inveja desses ciúmes que me cercam a alma, o coração e a mente....
Me abstraio em um ciúmes doentio que não passa de uma inveja velada pela possibilidade....

Quem é você?
- Um invejoso mascarado de ciumento.

J:oNE:s

domingo, 25 de agosto de 2013

Carta àquela que sente

Belo Horizonte, 25 de agosto de 2013.

Minha linda,
Como você vem andando? O peso em seus ombros está mais leve? Seu rosto mais aliviado?
Sinto falta de sua presença. De me deitar com você durante uma tarde cansativa, e acompanhar sua leitura atenta de algum livro típico do romantismo.
Me criam saudades ao pensar nos dias em que voltava com você pra casa, e a chuva caia lá fora... Enquanto nós nos beijávamos nos embaçados vidros de seu carro.
Acho que me sinto só ao encontrar todos abraçados, todos encantados.
 Me deparei com uma cena maravilhosa hoje... na verdade uma paisagem. Era um ponto alto, num edifício abandonado... foi impossível não pensar em dividir, todas aquelas luzes que se acendiam em meu olhar, com você.

Você se lembra? Daqueles dias que, ao anoitecer, eu batia em sua porta... Relutante ao atender, abria só uma fresta de porta... Eu te tomava como minha, abrindo todas as portas com vigor, uma quase violência. Entre beijos, arrancava peça por peça. Suspirávamos, como um código. Enquanto eu tirava minhas amarras, você punha uma música para tocar. Algo melancólico... Não lembro quem cantava... Nem mesmo a língua que era cantada... Não importava: Era nossa canção. Por um instante parávamos, eu tomava um gole de água e enquanto o chuveiro começava a esquentar. Até o vapor tomar conta de todo banheiro... A música fazia sentido. Eu te agarrava, te tomava como minha, te possuía até você não entender onde nós começávamos e onde eu fingia acabar. No escuro da noite, adormecíamos no box depois de suas lágrimas se misturem com a água que ainda escorria de nossos corpos.
Eu sempre fui embora antes do amanhecer. Antes de seu despertar. Antes de me despedir. Entenda, minha linda, o fiz por amor. Para seu descanso, seu descobrimento, sua cura.

Eu te amo. Sinto que não sou correspondido.
Não me importo, sempre estarei contigo. Amar é te encontrar inadequadamente surpresa por me ver.

Com carinho,

Seu sofrimento.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Por não ter ligado os pontos

Guto olhava as estrelas do lugar onde as outras crianças não olhavam.
Ele se sentava ao fundo, diferente daqueles que preferiam se sentar nos bancos mais altos... ou no banco do carona.
De lá, ele se sentia mais vivo ao ver as luzes se movimentando na mesma velocidade em que ele estava.
Não se tratava de insegurança. Era uma questão de cuidado. Cuidado com os outros, já que sua cabeça batia no vidro constantemente, devido às bruscas curvas e chacoalhes.
Guto mirava com seus dedinhos as estrelas mais brilhantes. Ligava-as pelo suor do vidro. E brincava de labirinto com a lua.
Sem ligar pros outros. Ele atingia sua completude.


Um dia, na adolescência, se encontrou num viaduto.
Sozinho?!
Olhando para lua, que parecia tão distante. Tão desolada...
Não havia estrelas.
Brincando de projeção, se fez ao longe.

Se viu caindo pela ponte... na via movimentada.
Vitima de atropelamento por um ônibus intermunicipal.
Encontraram um cadáver preso nas rodas traseira.
Ainda tentam descobrir a causa da morte:
Esmagamento espiritual por ilusão,
Ou falência múltipla de sonhos.

Gustavo ainda tenta encontrar a causa de sua morte.


---o´nes

domingo, 18 de agosto de 2013

Kids? why?

Tinha um casal. Ela se segurava no braço dele, com ternura e intimidade, confiando em seus músculos para não cair. Ele se preocupava em deixá-la encantada com gentilezas e educações. O filho, havia um filho, não se preocupava. Nem com os pais, nem com as senhoras.

Uma moça, que se declarava alta, se prestava a se levantar por uma mulher com criança no colo. Depois se senta novamente e carrega dois seres desconhecidos... um de seis anos em seu colo, outro de seis meses em seu ventre.

Três rapazes conversavam e se comparavam. Na amizade instantânea que apenas o fanatismo desperta, se divertiam discutindo em quais pontos eram melhores no futebol. Com a experiência de um técnico ou de um comentarista, citavam pontos específicos a serem aperfeiçoados e em quais já haviam obtido excelência.
Minto, um falava. Apenas um se vangloriava, os outros concordavam com a cumplicidade das amizades duradouras. Ambos com bebês no colo, acertados, passados, frustrados (?!) comentavam as peripécias do exímio jogador que acabaram de conhecer.

Um pirralhinho era agraciado pela mãe com carinhos de memórias passadas. Ele gargalhava, em plena sintonia, das palhaçadas acordadas pela matriarca: "Promete não gritar?" "Prometo!!" e cosquinhas arrancavam injúrias de infância.

Não era apenas um, seu colega chegou e se alocou ao seu lado... Criando na imaginação dos pequenos, uma nuvem... Não qualquer nuvem:
Um doce e colorido paraíso, tingido de tons de rosa, lilás, branco e azul.
Os vendedores de algodão doce criavam um mundo mágico, onde os sonhos tomavam formas, entre a partida do ônibus até o desembarque final.

Jones, by bus.

sábado, 3 de agosto de 2013

Mais que um Todo.

Ele não precisa ser um príncipe encantado, um eterno namorado, que não canse de esperar.
Não,
Ele pode ser um petit prince, poeta de vida, entendedor de olhares e dizeres.
Ele pode ser um Felipe, que me acorde quando eu esteja dormindo. Não com solavancos, mas com o afago de alguém que luta com dragões diáriamente.
Ele pode ser um entendedor de putas, que encontre beleza nas palavras, que escreva com muitos dengos, destinos e neologismos.
Ele pode ser um sem nome, que apenas arrebate-me e me leve junto. Ou então, o terceiro poceiro, que chega do nada, que não me traz nada, que nada me pergunta... mas que eu entenda o que ele quer.
Um que tenha o jeito manso... um que seja só dele. Que me deixe maluco, e quase me machuque quando me roçe a nuca com a barba mal feita...
Um que dure às coleras, ou à cem anos de solidão.
Um que seja de Chico Bento, que enamorado me deixe pelos olhos. Sem toques.
Um que me dê Pilar, e tenha um gato chamado gatinho.

Não me venha com amores de Romeu, nao quero paixões infanto-juvenis. Quero amores indianos, quase tântricos, que deixem a chaleira esquentar ... por longos períodos de metamorfose ... e que me sirvam um chá... com gosto de amargor.

Meu, e eu preciso dessa posse, amor não precisa ser fiel. De fiel em fiel arranjamos um fio - de contas - de mentiras. Meu amor precisa ser leal.

Que me goste de conchinha, pois reconhece na minha nuca mais detalhes do que eu mesmo. Que me goste por abraços, pois se entende como porto e farol. Que me goste em cafunés, na fricção de meu couro encontre alegrias.
Nesses carinhos, ele passará a unha na minha pele, enquanto eu leio algo maravilhoso. E eu não vou saber se estou arrepiado por seu gesto ou pelo meu livro.
Nao me refiro a aparências, quero alguém bonito o suficiente para que eu possa olhar sem parar. E que o sorriso mal caiba em seu rosto, quase vulgar.

Quero um pacto. Quero um voto.
  Quero tudo. Quero alguém que me faça não querer. Que seja o bastante. Que nenhum "que" seja cabivel.

De todos amores, um amigo.

Jones, ou qualquer outro.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A prosa poética de Leo.

E tinha o Leo.
Não quero explicar tintin por timtim, porque se isso acontecer o Leo deixa de ser ele.
Na verdade seu nome era Leôncio, Leonidas, Leodival, Leucineu... Um nome odiável que poderia ser trocado por qualquer um que fosse aceitável. As primeiras tentativas foram pra nomes dos quais ele gostava: Leandra, Eleanor, Lea. Não permitiram, e amargurado se deixou nomear por Leo.
Um fato importante, talvez o artigo definido "o" não defina tão bem LeO, sempre gostou de artigos indefinidos.
Amigos faltavam, livros não. Começou a ler de pequeno e nunca mais parou.
Amores, impossíveis ou não, é disso que vou falar.

Sua primeira paixão foi um rapaz, moreno de praia, com acento português nas palavras bonitas, alguns anos mais velho (legítimo veterano), por chacota fazia versinhos de tudo e com eles não havia quem ficasse ileso.
Por ele descobriu mundos, entendeu o arder do fogo que não se via, e viajou por mares que nem se quer existiam.
Como em uma epopeia se guardou de paixão e na jornada longa se deixou passar.

Leo tinha dois amigos, Clara L. e Mario Alguma-Coisa.

Clara tinha um poder de persuasão incrível, vivia no mundo das ideias e gostava de ler Virginia Woolf . Acreditava que se fosse comprar flores todos os dias entenderia melhor Mrs. Dalloway. Clara tinha a grande fixação pelas estrelas, pelas mulheres, pelas galinhas (ou seriam das mulheres galinhas?), pelas horas, pelos cavalos, e pelas viagens.
Entendia o espirito feminino de Leo ao extremo. Sua melhor amiga. E assim foi, tal como as amizades mais fortes são.
A amizade durou até que C.L. matou com sua própria mão uma barata na parede e quis com excitação que Leo a parabenizasse....

Desde que a barata se viu presente, Mario ganhou espaço. Por ser mais recatado, amante das meninas e das pequenas poesias, o espaço adquirido no coração de nosso protagonista foi não só enorme quanto ameno. Mario sabia a hora de mudar, sabia a hora de ir à quitanda ou de passear na Andradas. Com novos ares sempre mudou o modo que Leo via o mundo, e continuou mudando até ser amado.
Quando foi amado, Mario não soube bem como agir. Uma mulher tão linda, uma flor tão poética. Ele gostava das pequenas poesias de meninas bonitas... Se afogou com tanto amor, se sufocou de tanta beleza e com tantas flores foi enterrado em overdoses de prosa poética.

Leo se apaixonou de novo quando se despediu de seu Mestre Mario. Dessa vez, permanente, foi amor multiplicado. Eram irmãos, ou será que eram primos? Se pareciam, mas não eram iguais. Albert, Fred, Richard e Alvares. Em quatro partes amou, quatro vezes mais do que já havia amado... De tanta irracionalidade fingia ciúmes e dor que deverás sentia. A poligamia era complexa e proibida, mas valia a pena... sua alma nunca havia sido pequena e seu coração podia amar à quarta ou em quarentena.

Com ódio nos ossos, se sentiu hipócrita e sonhador. E largou a vida de amante de várias faces. Tinha aprendido que de personalidades várias... já bastavam as próprias.

Não contarei cada amor de verão que Leo teve.
Foram muitos. Mulheres e Homens.
Não se permitia às aparências, se entregava aos escritos.
Leo resolveu ser escritor.
Hoje ele não é mais Leo. Um nome mais delicado, sensível, ardiloso... quem sabe?
Leo amou os poetas como ninguém.
Leo só escreve em prosa.

Lucas jonEs   O?

terça-feira, 16 de julho de 2013

Não. dois extremo.s

Instauro, pelo poder investido em mim pela liberdade artística e consagrada nos votos honrados à criação, a formação de um  novo sinal gráfico "Os dois pontos".

Segue a explicação por tal audácia contra a gramática tradicional:
Não me refiro, aqui, àqueles dois pontos eretos e demonstrativos, obra tão tola e banal que pode ser substituída por vários outros símbolos.
Quando precisamos transcrever algo, no papel, e empunhá-lo de emoção ou expressão é necessária a grafia, mera formalidade para se interpretar da maneira correta o que está sendo passado. Sejam pontos de exclamação, hifens, interrogações ou aspas... São superficiais à oralidade ou frivolidades.
O que proponho, aqui, seriam dois traços representativos do âmago: não seriam conclusivos tais como o ponto final, e muito menos duradouros como as reticencias tendem a ser, não enumerariam sentidos e nem  os subjugariam.
Assim, quando a amargura ou a felicidade encontrarem o fundo metafórico da alma do interlocutor... Os dois pontos seriam utilizados. Seriam marcas daqueles que começam e terminam sem se concluir; daqueles que sabem que existem, mas não entendem sua própria virtude; dos que podem; mas não irão; dos que ficam, mas não estão.

Um exemplo de uso - Se rendem a vida que lhes ofereço de coração..
Sem saber que a vida lhes foi ofertada por interesse, mas de bom grado. Sem entender que estão rendidos e não entregues, porém com direito ao livre arbítrio.

Outra forma de aplicação - À .eternidade.
Esse (que não muito diferente do sentimento passado) não requer explicações.


De agora em diante, poderei nomear a essência de forma correta, e ligá-la diretamente com suas formas. Tudo mais coerente.
A partir de então designaremos ao nosso coletivo como .Humanidade.

Com afinco, coragem e esperança
..Jones..

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

3 músicas - The darkest side




   Ele chegou gritando: "Amor!", respirou fundo e se lembrou da sogra, não tão ruim, que tinha. Teve lembranças de seus pais... Mas era tão confuso e tão pouco explicativo...
   Gritou novamente: "Amor!" e se lembrou da Gibson 335 que vendeu na juventude. Lembra de ter acabado com os sonhos paternos de ter um músico na família.
   Acendeu a luz, na verdade tentou... Na verdade ela já estava acesa. Seus coração é que se apagara. Jade estava lá, com um homem! Não faziam nada, além de conversar. Mas era de mais para ele.
   Ela o vê e pensa: "é o lado mais escuro do meu coração que morre quando você vem a mim." E ele atordoado, furioso diz em consciência própria: "É o bilhete dourado que eu ganho por matar todos nossos inimigos?!?"
   Ela aliviada e surpresa com a chegada repentina, não com essas palavras, fala: "Eu ouço o grito mais distante e o suspiro mais suave quando estou vazia."
   Ele se lembrou das vidas tristes que deixou, e da infância em jogos de simulação que foram trocados por simulações cirúrgicas.
   E num instante pequeno, que é o entre o chegar e o se instaurar, a mão estala no rosto de Jade. O homem, que antes conversava com ela, vai embora a pedido da mesma. Talvez ele fosse apenas um amigo.
   Ela pede: "When I die.... I'm alive"
   Ele sussurra: "When I lose, I find!"

   A identidade, que ele havia criado, se mostra na identidade, que ela havia revelado. Ou quem sabe ela só havia expressado.

   Pequena, começou a chorar quando pensou: "Se eu morresse no chão do meu quarto..." e Alex, como se ainda fosse conectado a ela como já havia sido, expressa um irônico: "Quer chorar no chão do seu quarto?"
   Como pudera cogitar fazer uma tatuagem com o nome dela embaixo do seu braço? Será que havia sido amor aquilo que vivera nos velhos tempos?
   O mesmo braço tatuado ia ao encontro de Jade, de formas que a própria violência desconhece. Formas que apenas os amores mais irados dominam.
   Sem reação pensava: "Ele foi condenado à morte nessa idade de ouro, para servir à pátria e para pagar nossa TV". As lágrimas de ambos... eram tantas... que a Garotinha dele se afogava naquela água lamacenta de ódio.
   Como um suspiro ela dizia: "When I die, when I die, die I'm alive.." E ele acabou com a súplica incessante: lhe dando a identidade, tirando, perdendo, uma/a vida.
   Eram aquelas nuvens de sexta-feira que ele não conseguiu ver além. Era aquele terremoto que o abalou por não ter mais chão a quem recorrer. Parado no canto do quarto ele pronunciou para si mesmo de forma confusa: "But if I leave me, I'd hello goodbye, don't shine at night, look I'm dead men."
   Ele cantarolou Home, como se voltasse para casa. Pois lar é onde ele estava com ela.

J(8)nes

sábado, 5 de janeiro de 2013

3 músicas - Hey there Delilah (2ª)

  "Hey there Jade,
 Como estão as coisas aí em casa? Seus pais estão bem? Vi uma foto sua hoje, antiga... Você poderia me mandar uma nova?
  Aposto que você está mais bonita do que quando eu sai daí. O Iraque é muito diferente das coisas que conhecemos, dos bons momentos que vivemos... Tenho que ser breve, parece ter havido um acidente aqui, nesses casos temos tão pouco tempo pra nós mesmo, não sobre nem tempo para beber água.
  Juro ser verdade, mas o céu daqui é o mais estrelado que existe... E você e seu sorriso brilham bem mais que os astros... os morteiros... todos juntos.
  Penso em você todos os dias. Sério, eu juro.
  Amo você, quero voltar para casa.
  
Alexander."


"Hey dear Alex,
  Não se preocupe comigo, eu estou aqui e estou te esperando. Se você se sentir sozinho... Olhe para o firmamento e eu estarei lá. Ou ouça as nossas músicas... Feche os olhos...
  Escute minha voz e veja além das nuvens. Eu estou ao teu lado.
  Também o amo, volte logo.

Jade"

  Ele via apenas sofrimento naquele desespero. Pacientes e mais pacientes com traumas e doenças. Não havia como ver além das nuvens. Ele desaprendeu a ver as essências. 
  Ela se sentia muito sozinha, ele não voltara, e as necessidades financeiras e femininas começavam a aparecer. Ela se punia, se torturava. Mas já não sentia mais seu melhor amigo, seu amor.


- Oh it's what you do to me...
- Oh it's what you do to me...
- What you do to me?


"Hey Jade,
  Eu sei que os tempos estão se tornando difíceis, mas acredite em mim Garota. Eu irei pagar nossas contas e vou fazer tudo que você sempre planejou. Teremos a casinha, os filhos e vou tocar violão enquanto você desenha.
  Nós teremos isso. E melhor.
  Nós teremos a vida que sabíamos que teríamos, minha palavra é de confiança. 
  Só me espere.

  Amor, Alexander"


"Hey there Delilah,
  Eu tenho tanta vontade de conversar com você, tenho tanto para falar. O sofrimento está me escorrendo a pele.
  Porque não responde minhas cartas? 
  Tentei te ligar semana passada, num horário que imaginei estar em casa, porque não me atendeu?
  Se cada simples palavra que você me escreve eu fico sem fôlego, queria poder ficar sem ar novamente. O ar daqui é pesado demais.
  Escreva-me, se não eu me sentirei traído.
  Queria lhe deixar mais apaixonada por mim, você sabe... Nós teríamos tudo...

Alex"

  Não lia mais as cartas dele, a dor era imensa. Não a que ele vivia na guerra, a dor de vê-lo amando-a.
  Se dava conta de que outro homem era uma forma Menos bruta de trair, do que ler e escrever injurias de amor em vão.
  Ele havia acabado com a auto-estima dela, e roubado seus mais precioso anos em troca de uma espera que poderia ser infundada.



- Oh it's what you do to me...
- Oh it's what you do to me...
- What you do to me?


"Hey Delilah,
 É minha última carta antes da próxima chamada para dispensa. 
  Existem inimigos se aproximando, estão a mil milhas daqui... O que para você pode parecer longe, mas eles tem aviões, carros e tanques. Além dos que vierem a pé. Esse é o grupo que oferece mais resistência aqui nessa área, E para ajudar, até eu já peguei em armas.
  Sim, eu matei pessoas inocentes. Nossos amigos ririam de nós, se esse fosse um tópico de conversas antigas. E você e eu iríamos rir, porque nós saberíamos. Sabemos que não somos os mesmo. A Jade que eu conheço não me deixaria aqui sozinho, abandonado, perdido.
  Delilah, a única coisa que posso te prometer é que depois de passarmos por isso, por tudo isso, o mundo nunca mais será o mesmo. E você é a responsável.

Alexander"


"Dalilah,
 Vou ser dispensado futuramente. Seja boa e não sinta minha falta. Daqui a pouco eu sei que acabará a faculdade e eu estarei aí para resolvermos nossos problemas como eu sempre fiz.
  Saiba as consequências do que fez na minha ausência, vocêsabe que fiz tudo por sua causa. E nós podemos fazer o que quisermos.
  Hey Delilah, here's to you... This one's for you"

  Ela chorou apertando o envelope contra o peito. E o jogou nas chamas cantarolando: "Oh it's what you do to me... What you do to me??"


Hey there, Jones


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

3 músicas - Home (1ª)


  Saiu do Alabama para visitar o Arkansas, sempre quis ver sobre o que se tratava a música que sempre gostou. Ela era bem humorada, espontânea, uma artista (e isso a descrevia muito bem) e cult (pelo menos estudava e se vestia como uma).
  Pegou as malas, aproveitou as férias e foi. Partiu para desbravar outro estado como se fosse um outro mundo. Só olhou para trás por causa de seus pais, os senhores já não estavam podendo ficar muito tempo sem serem regados pelo amor dela.
  Ao chegarem lá, ela e sua melhor amiga, a cidade se mostrou pequena de mais para a festa hipster que acontecia. Não era um evento... era uma festa interna, uma comemoração mais que pessoal. A conquista da saída da terra natal foi brindada, e curtida, e brindada, e fumada, e exagerada.
  Ah, naquela terra de doces achocolatados e pesadas tortas quentinhas de abóbora, a vizinhança era hostil e conservadora. A polícia chegou, com a ambulância, logo em seguida. As duas foram levadas para um médico.
  A cabeça da amiga estava cortada e a nossa protagonista estava ensanguentada. A origem desse sangue pode ser pelo corte da companheira de viagem, ou por um caipira descontente, ou por briga entre as duas. Disso a memória lhe escapava.
  O doutor logo veio, sem muita pressa. Antes de abrir a cortina ouviu a menina (que seria de seus olhos) falar: "Well, I fell on the concrete... nearly broke my ass..." Entre risos ela balbuciava o diálogo da canção que ele sempre apreciou cantarolar e assoviar.
  Abriu a cortina, e antes de se calar diante da beleza dela, o Dr. Alexander disse em alto e bom tom: "You are bleeding all over the place!", os demais no ambulatório ficaram sem entender a conexão que se estabelecia. Ela olhou sorridente: "Yes, that's why I rushed out to the hospital, don't you see that??" na nota certa entre a ironia e o charme. Ele consentindo respondeu o melhor "YES, I DO!" que ela ouviria até se casar e escutar as mesmas palavras tremulas de alegria.
Her:  Jade, ...
Him:  Alexander, ...

 
 Bons amigos (?!), foi isso que eles se tornaram. Nas horas livres que ele havia acumulado ao longo dos anos que trabalhava sem parar no hospital, ensinou-a a gritar para o nada, a imaginar o que correr nas ruas livremente pode significar e até mesmo viajar ao interior para mostrar a ela as cachoeiras e barcos, as vielas e becos, todos os lugares especiais para ele.
  Em troca, ela o ensinou a ver mais que a imagem pode oferecer, a enxergar a essência das coisas, dos parques... Como as florestas podem ser mais que florestas, contanto que na escuridão um casal dê risadas até quase morrer... A andar descalços no calor do verão.
 
 Ela fumou um cigarro, ligou para seus pais avisando o fim de suas aventuras. Estava voltando para casa sozinha (sua amiga já havia voltado há muito). E eles, aquele casal não pronunciado, se olharam enquanto ela fumava o último cigarro na presença dele. E ela se foi.
  Ele atordoado, sozinho, perdido sem a Garota de sua vida.Decidiu-se, moveu palitinhos, contatou pessoas e como resultado teve o Alabama como novo lar. Alexander passou as horas de viagem que possuía até o encontro de Jade, assoviando Home...