quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Por não ter ligado os pontos

Guto olhava as estrelas do lugar onde as outras crianças não olhavam.
Ele se sentava ao fundo, diferente daqueles que preferiam se sentar nos bancos mais altos... ou no banco do carona.
De lá, ele se sentia mais vivo ao ver as luzes se movimentando na mesma velocidade em que ele estava.
Não se tratava de insegurança. Era uma questão de cuidado. Cuidado com os outros, já que sua cabeça batia no vidro constantemente, devido às bruscas curvas e chacoalhes.
Guto mirava com seus dedinhos as estrelas mais brilhantes. Ligava-as pelo suor do vidro. E brincava de labirinto com a lua.
Sem ligar pros outros. Ele atingia sua completude.


Um dia, na adolescência, se encontrou num viaduto.
Sozinho?!
Olhando para lua, que parecia tão distante. Tão desolada...
Não havia estrelas.
Brincando de projeção, se fez ao longe.

Se viu caindo pela ponte... na via movimentada.
Vitima de atropelamento por um ônibus intermunicipal.
Encontraram um cadáver preso nas rodas traseira.
Ainda tentam descobrir a causa da morte:
Esmagamento espiritual por ilusão,
Ou falência múltipla de sonhos.

Gustavo ainda tenta encontrar a causa de sua morte.


---o´nes

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