quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Epílogo que ainda vêm (5/40)

Fica registrado aqui, nesse epílogo assincrônico, que toda e qualquer metáfora, aliteração, comparação, sinédoque ou figura de linguagem que venha a ser encontrada ou que já tenha sido lida será incompleta, insuficiente, imprópria, ingênua, ininteligível, ignóbil, incompassiva, inferior e principalmente incapaz.

Todas imagens, menores.
Todas rimas, fracas.
Todos textos, partidos.

Fica rematado, então, a reflexividade dos textos, e ainda mais, a introjeção do autor.

72 (4/40)

Me seguro nas riquezas
naquelas que o mar não levou.
O buzio marcando a palma de minha mão
(o símbolo da luta dos afogados)

Os corais são ossos e partiram-se
Os ossos são sacros, sólidos e espesso

A onda quebra em uma só pancada
A onda quebra em outra só pancada
A onda quebra em apartas, topadas, prostradas.
Mas não só.

Em tule de espumas
Filós de preocupações
Em um balé do mares de cisnes
Ela me joga na areia.



( http://numeroscomplexos.tumblr.com/post/164830296151/27 )

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Falo 3/40

Estagnado
Faltava-me voz,
Não havia palavra,
Comunicavam-se ecos,

E ainda assim,
Ele (só) me pediu um nome.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Varal 2/40

Recolho as roupas do varal -  minhas meias
De par em par recolho-as, criam-se buracos no varal
O tremor do ferro a cada puxada, os vazios.
Um medo enorme de perder cada par na vasta pilha
Não há mais meias.

Recolho as roupas - cuecas
Só as cuecas restam, espalham-se no varal
O barulho do metal batendo na parede a cada puxada, os vazios
Uma angústia enorme quando acabam as cuecas em minha pilha
E ainda há uma no varal

Green 1/40

The pod opens
the beans are green
They close the pod
the beans are green

The green beans

it all has been.