sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

3 músicas - Home (1ª)


  Saiu do Alabama para visitar o Arkansas, sempre quis ver sobre o que se tratava a música que sempre gostou. Ela era bem humorada, espontânea, uma artista (e isso a descrevia muito bem) e cult (pelo menos estudava e se vestia como uma).
  Pegou as malas, aproveitou as férias e foi. Partiu para desbravar outro estado como se fosse um outro mundo. Só olhou para trás por causa de seus pais, os senhores já não estavam podendo ficar muito tempo sem serem regados pelo amor dela.
  Ao chegarem lá, ela e sua melhor amiga, a cidade se mostrou pequena de mais para a festa hipster que acontecia. Não era um evento... era uma festa interna, uma comemoração mais que pessoal. A conquista da saída da terra natal foi brindada, e curtida, e brindada, e fumada, e exagerada.
  Ah, naquela terra de doces achocolatados e pesadas tortas quentinhas de abóbora, a vizinhança era hostil e conservadora. A polícia chegou, com a ambulância, logo em seguida. As duas foram levadas para um médico.
  A cabeça da amiga estava cortada e a nossa protagonista estava ensanguentada. A origem desse sangue pode ser pelo corte da companheira de viagem, ou por um caipira descontente, ou por briga entre as duas. Disso a memória lhe escapava.
  O doutor logo veio, sem muita pressa. Antes de abrir a cortina ouviu a menina (que seria de seus olhos) falar: "Well, I fell on the concrete... nearly broke my ass..." Entre risos ela balbuciava o diálogo da canção que ele sempre apreciou cantarolar e assoviar.
  Abriu a cortina, e antes de se calar diante da beleza dela, o Dr. Alexander disse em alto e bom tom: "You are bleeding all over the place!", os demais no ambulatório ficaram sem entender a conexão que se estabelecia. Ela olhou sorridente: "Yes, that's why I rushed out to the hospital, don't you see that??" na nota certa entre a ironia e o charme. Ele consentindo respondeu o melhor "YES, I DO!" que ela ouviria até se casar e escutar as mesmas palavras tremulas de alegria.
Her:  Jade, ...
Him:  Alexander, ...

 
 Bons amigos (?!), foi isso que eles se tornaram. Nas horas livres que ele havia acumulado ao longo dos anos que trabalhava sem parar no hospital, ensinou-a a gritar para o nada, a imaginar o que correr nas ruas livremente pode significar e até mesmo viajar ao interior para mostrar a ela as cachoeiras e barcos, as vielas e becos, todos os lugares especiais para ele.
  Em troca, ela o ensinou a ver mais que a imagem pode oferecer, a enxergar a essência das coisas, dos parques... Como as florestas podem ser mais que florestas, contanto que na escuridão um casal dê risadas até quase morrer... A andar descalços no calor do verão.
 
 Ela fumou um cigarro, ligou para seus pais avisando o fim de suas aventuras. Estava voltando para casa sozinha (sua amiga já havia voltado há muito). E eles, aquele casal não pronunciado, se olharam enquanto ela fumava o último cigarro na presença dele. E ela se foi.
  Ele atordoado, sozinho, perdido sem a Garota de sua vida.Decidiu-se, moveu palitinhos, contatou pessoas e como resultado teve o Alabama como novo lar. Alexander passou as horas de viagem que possuía até o encontro de Jade, assoviando Home...

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