segunda-feira, 6 de julho de 2015

A breve estória que não sobreviveu tempo suficiente para ser nomeada

Começaria com aquele velho bordão de histórias infantis, mas vou trocá-lo por 
 “Sim, é o começo ou o fim”.

No inicio ele enchia aquários com água filtrada.
Iluminava-os com lâmpadas quentes.
Eram tingidos por corantes das mais diversas tonalidades.
A luz refletida causava tamanha refração em seu espirito,
          que o quarto se reformulava, fluído.

A arte de criar auroras boreais no teto.
As cores misturadas aos sonhos.
Os aquários vazios de sentido.
O colchão fundo e esburacado pela solitude 
          do corpo unilateral, aconchinhado.

Evoluiu-se em uma compulsão:
Trocava possíveis futuros amores por peixinhos dourados.
Laranja, amarelo e vermelho. Essas eram as únicas opções.
A cada delírio de possibilidade... Ele seguia o mesmo procedimento:
          atirar-se à correnteza, pedregoso.

Despia-se dos ternos e vestia a renda mais leve.
Bordada a mão por sabe-se lá que dor.
Aos poucos submergia. 
O rio o engolia e ele aguentava a erosão soterrando-se
          desviava das carcaças e troncos, esperançoso.

No final do rio, erguia-se.
Respirava encharcado
Secava as angustias
E de lá saía, de duas uma:
          um peixinho ou assim, resfriado.

Após uma noite - naquela que as luzes esfriavam o coração -
Tinha a obrigação de dar descargas,
Retornar ao rio o que lhe é de direito.
Os que não viviam tempo suficiente para serem batizados,
Recebiam seu devido tratamento:
          um enterro subaquático entre dejetos, estáticos.

Há uma noite em particular
Na qual as luzes não desenharam ilusões nas paredes.
Devia ser uma artimanha do frio incutido nos cobertores.
Nessa noite, ele vestiu seu traje mais denso,
          cercou-se em armaduras, protegido.

Então decidiu vencer a/à força (d)o rio.

J
><>
nes

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