segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Entrefechado (7/40)

Há uma lâmpada de bulbo redondo pendenciando o teto. As paredes combinam formar um cubo semi-perfeito, a imperfeição reside no teto mais alto que a largura que me permitem. A minha frente uma porta fechada. Um caixão em forma de quarto.

Das frestas dobradiças vejo as sombras. Penso "estaria eu nAquela caverna?", sorrio nervoso.
Do lado de fora me gritam "A porta não está trancada". Ao concluírem a frase apagam-se todas as frestas.
Na total escuridão tateio, não a saída, o interruptor para a luz do quarto. De nada adianta,  a lâmpada está queimada - ou eu me convenço que está queimada por não conseguir encontrar o maldito interruptor.
De toda forma estou só, no escuro. Mas o escuro potencializa o quarto, o espaço que antes era de pouco mais de 1 metro quadrado... agora é infinito. O teto pendula um vulto, as paredes existem exclusivamente no toque, o chão é o limiar entre a solitude e a lembrança.
No processo de me acostumar com a escuridão me esqueço da porta. "ME TIREM DAQUI!!!" "Porfavoreunãoqueromais" esmoreço em murmúrios.

Uma voz; A direção eu já não identifico mais, poderia vir do que antes eu chamava porta, mas agora já me parecia vir do além... talvez do teto.
"Você tem a chave!"
Aquilo me enlouquece, minha imaginação se derrete em um inferno de possibilidades. Para que eu precisaria de uma chave? Nunca me cogitou ter uma chave, muito menos precisar usá-la. Para destrancar o que? Mas, existia a possibilidade de saída a qualquer momento, né? Havia uma saída? Eu lembro de alguém me dizer que a porta estava aberta, ou será que foi me dito que ela estava encostada? Porque há uma lampada queimada? Quem?? Onde?? E o porquê???

Enquanto ato o nó de loucura, o ponho em minha garganta, amarro-o na maçaneta - tão fácil de encontrar, tão a altura dos olhos. Me ergo pelas paredes.
Escuto os passos. Espero pela salvação.
A passada para, a uma porta/parede/painel de distância. Espero pela rendição.
Escuto os passo a se distanciar novamente. 
Perco as forças nas pernas, caio.... Meu sufoco na maçaneta que antes nem existia. A paranoia amarrada à saída.
Me debatendo acendo a luz. Ela não estava queimada?
A lâmpada em minha garganta, queimando, minha cabeça quente, o grito engasgado.
O desespero me faz pisar na moribunda maçaneta:
E com clareza eu vejo que a porta realmente est


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