quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Sonharam a praia

Primeiro auscultaram o coração um do outro, entrelaçaram os braços e se grudaram como um molusco e uma rocha.
A respiração percorria a clavícula, ressoava no ósculo e como quem ouvia o mar colocando o ouvido em uma conchinha... Sonhou a praia.

Compartilhou o sonho em pedacinhos, homeopaticamente divido em grãos de areia.
Quando já tinham uma grossa quantidade de areia - suficiente para se construir um castelinho e esperar que a lua fizesse seu trabalho - fincaram uma bandeira na torre mais alta do castelo mais bem sedimentado em porções escorridas de água arenosa... 
Aí então, sonharam a praia:

Uivaram os ventos nos suspiros ao pé do ouvido,
Sonharam a praia que tão longínqua e perto se assentava.

Caminharam veredas, canos de esgoto, bifurcações metafóricas divididas pela mata atlântica.

Sonharam a praia que tão próxima e ideal se dissipava.

Sentiram o gosto do sal a secar a boca, o encontraram nas maçãs e nas nádegas.

Sonharam a praia ouvindo todas as canções, alegres e descompassadas que embalam e marolam os banhistas, ao fundo, onduladas.

Sentiram o sol queimar todas os poros e portos, estourar melaninas, causar delírios e moleiras.

Sonharam ao sair da praia.

Soltaram-se da pedra, desfizeram-se da concha e guardaram os souvenirs nas caixas de lembrança.
A praia já havia sido sonhada.
Veja lá, a lua já deu cabo do mais suntuoso castelo.
Sonharam a praia.

       /_\
Jone / s

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