Pra caso eu morra tem isso de carta.
Pra caso eu viva tem isso de texto
Eu só não quero ser lembrado por nada disso
Só não quero ser esse homem
esse branco
esse abusador
Eu não quero nada disso
Eu amo muito vocês
boa noite
terça-feira, 17 de abril de 2018
terça-feira, 10 de abril de 2018
3 textos [3/3]
Lista de Amores Findados
Em tópicos, bolinhas, tracinhos, asteriscos
1. Fulanos
enxeridos no meu gostar e ciclanos posseiros de corações alheios.
- Tudo que eu entendi como
amor e que nem ao mesmo poderia ser chamado de recíproco. Quiçá consensual.
- Os tipográficos relacionamentos (momentaneos, prolongados, reverberados
e inventados) nos quais os amores se fundaram. [Fundação em areia movediça,
firmamento em terra esburacada]
* Desamorosas considerações finais. Seus fins, minhas reações e meus
sofrimentos.
Oração a cavalo
Ave Maria, uma moça cheia de graça, mas que bebia
de mais
Nam Miohô Rengue Kyo, não me deixais cair em
tentação
Pois agora o rei não se enforca, mas o amanhã adeus
pertence.
Um abraço expresso O
conforto esperado
Um casulo de coesão Você
inteiro em mim
Conversas e afim Auto-controle
sem prospecção
Vergonhas descaradas Verdades
mascaradas
A droga que me deixa assim? Quem
é que te deixou assim?O chá te liberta ou prende? Outra liberdade mais comedida?
Uma prisão menos exaurida? O meu pecado atormentado
Negado Novamente, negado
Minha vergonha enrubescida Meu pau envergado
Novamente, negado É o sono
Não é o sono A ansiedade?
É a falta de ar Você ao meu lado
O banheiro como opção viável A culpa enciumada em vão
Não há escapatória: Durma Onde? Como? NÃO? Por que?
Acorda, dorme, acorda, dorme Você nunca nem chegou a dormir
Que horas são? Mas já? Não pode ser
Sonha. Sonha.
Me pego em libido. Um sonho safado
Acordado ou dormindo? Sonhando
Desculpa, estava sonhando Eu também
Dorme Dorme
Mas acordo Dorme
Que horas são? Ainda? Dorme?
Metade de mim é tesão Metade de mim é sono
1/3 sou eu 1/1 é você
Busco em você 2/3 Você se multiplica na cama
Aquele abraço certeiro Acerta qualquer fantasia sua
1/3 é a erva 1/5 é seu corpo
Ele acabou de me responder Quem?
Ele acabou de reagir Quando?
Ele acabou de acordar Por que?
De que diferença faz minha boca em suas costas e suas costas em meu corpo? Quem é esse ser que não sou eu e não é você que nunca acordou e nunca apareceu.
Ele é permissivo, é compassivo, ele quer, ele aceita, ele gosta, não fiz nada de mais, eu preciso, eu quero, ele vai gostar, eu conheço, eu sei, el
E num piscar de olhos derrete-se em culpa os 4% do meu ser, não é possível nem ao menos se convencer... Quem seria capaz de imaginar. Estávamos bem, dói assumir a responsabilidade quando se está tão bem. Dói ver um erro nefasto, grotesco, atrocidade injustificável. Não culpo meus amores partidos, morridos, mortos e findados. Não me apóio em nada nem ninguém, pois nenhum deus vem a cavalo. Não me vejo no espelho, pois ele não me mostra um reflexo, mas me mancha um borrão.
Não! Eu
tava dormindo.
domingo, 8 de abril de 2018
Besta [2/3]
Quem é este que dorme ao meu lado e me suspende em uma respiração pesada?
Quem é essa presença maligna que me açoita noite a dentro e me faz me contorcer?
Como lidar com esse Homem que, em minha cama, me reduz a nada?
Como castrar um Animal selvagem que baba densamente em minhas costas?
Por que Ele está ai? O que fiz para ser devorado incessantemente?
Por que não o confrontei com mais forças? O que fiz para ser levado insuficientemente?
Encaro-o:
Nada ao meu lado, além de mim,
a cama vazia e a noite cheia.
Quem é essa presença maligna que me açoita noite a dentro e me faz me contorcer?
Como lidar com esse Homem que, em minha cama, me reduz a nada?
Como castrar um Animal selvagem que baba densamente em minhas costas?
Por que Ele está ai? O que fiz para ser devorado incessantemente?
Por que não o confrontei com mais forças? O que fiz para ser levado insuficientemente?
Encaro-o:
Nada ao meu lado, além de mim,
a cama vazia e a noite cheia.
sábado, 7 de abril de 2018
Votos [1/3]
Não prometo-lhe nada que não possa cumprir, e portanto, não lhe prometo nada.
Indefensáveis verdades de um muro ideológico que cerca meu âmago: Me privo e provo.
Se meus braços não forem seguros, encosta funda de mais para ancoragem, e meu abraço for uma armadilha ao invés de um acalanto.
Se meu colo não for macios e disforme, encosto de fundas memórias encorajadas, e minhas pernas funcionarem apenas como morada de serpente.
Se meu cabelo não for para ser dedilhado, entojo em tua respiravivência, e meus cachos serem apenas redemuinhos de problemas.
Se minha boca me trair, enoja-me a ti, meu lábio apenas exarcebados espinhos.
Se minha mente te tocar, ente a mim, minha mentira mendacitada.
Se falho a mim, privo-me: De teu carinho imparcial, de teu aconchego emergencial, de teu ser aparado em mim, de teu toque cuidadoso, de tua boca bem-dita, de teu indivíduo.
Até que, enfim, esteja perante a ti aquele que se dispôs a ser teu, na confiança cega da vida, indiferente da modalidade concreta desta posse.
Até lá. Enfim, provo-me: agridoce
Até lá. Enfim, provo-me: agridoce
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