Ela voltou e catou o prato sujo e largado esquecido no canto
da escrivaninha.
Voltou como se não tivesse escutado “Por que você tá
chorando?” por minha ousadia
Voltou como quem se volta ao seu mal feitor e acusa em tom
ríspido e sólido “É sua culpa!”
Voltou como quem não se chorar, ou responder, ou limpar não
tivesse nenhuma serventia.
Voltou toda a voz que há ou havia e toda coragem que já
houve um dia
Voltou tal qual quem me bate na boca por perguntar o que não
devia
Voltou-se como um prato sujo largado esquecido no canto da minha
velha escrivaninha
Saiu, tantas lágrimas, mas nada mais...