Quebre-me em pequenas frações de impossível simplificação.
Ínfimas frações de hora, nas quais você sem perceber se deixou levar.
Antitéticas frações que me engrandeçam - a alma e a vida.
Por um desejo:
Se quebre em melodias de Beethoven,
minto quebre-se em uma patética melodia de Tchaikovsy.
Em longos e trabalhosos textos de Clarice,
minto prefiro vagarosos balanços de uma cadeira.
Em Contornos ofegantes de uma partitura que me tire o fôlego,
sem mentiras.
Por uma angustia:
Que me acorde ensopado,
que me deixe sem fôlego,
que não hajam virgulas,
que possua reticências,
que quebre a estrutura,
que não haja fé em "apagar",
que não haja Eros em mudar.
Por um entrave:
Me quebre
da forma que melhor
te convir.
Da maneira mais devastadora.
Saiba que minha alma está em brisa,
pronta para se deixar levar.
Mas é necessário ser folha.
Quebre-me em migalhas para que eu posso planar.
Por uma massagem:
Meu pescoço doí,
ainda não me decidi se por olhar para cima ou para o inferno.
Quebre-se a ponto de me massagear -
meu torcicolo, minha calma.
Por um Obrigado:
Termino
pedindo
para
se quebrar-me.